29/04/2009

"SAÚDE DO HOMEM"Andropausa

Novos tratamentos podem reduzir efeitos colaterais da reposição hormonal, alertam especialistas.Do mesmo jeito que a mulher tem o climatério, o homem também sofre alterações hormonais que podem interferir em seu ciclo de vida. A Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), conhecida popularmente como andropausa, atinge cerca de 20% dos homens e é responsável pela diminuição da testosterona, hormônio que, entre outras funções, gerencia o desempenho sexual. Não há como impedir essa queda, mas novos tratamentos de reposição hormonal podem reduzir os efeitos colaterais e são de fácil administração, alertam especialistas.A alteração hormonal do homem começa a acontecer a partir dos 30 anos de idade. No entanto, as conseqüências da queda de testosterona são, geralmente, desencadeadas a partir dos 60. O urologista Eduardo José Andrade Lopes, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e autor do livro "Andropausa: deficiência andrógena do envelhecimento masculino" (ed. LPM), alerta que essas mudanças acontecem de forma lenta e sutil, ao contrário do que acontece com a mulher na menopausa." A alimentação rica em gorduras assim como o cigarro também podem provocar baixas de testosterona (João Luís Schiavini) "
Muitos homens, após os 60 anos de idade, sofrem uma baixa na testosterona, que determina o que é chamado popularmente de andropausa, um quadro clínico sugestivo da menopausa da mulher. Mas a menopausa é abrupta e tem um sintoma específico, que é o fim da menstruação e infertilidade. No homem, a alteração hormonal acontece a partir dos 30 de forma lenta e progressiva, caindo em torno de 1,2% ng/ml ao ano e não provoca a esterilidade. Essa queda, por ser sutil, geralmente passa despercebida - diz Eduardo José.Vale alertar que essa alteração hormonal não acontece com todos os homens e não causa, necessariamente, infertilidade. Os que estão mais pré-dispostos a desenvolver um quadro clínico de DAEM são os que possuem uma herança genética e os que têm maus hábitos alimentares.
O urologista João Luís Schiavini, chefe do ambulatório de Urologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), aponta algumas causas da deficiência androgênica:- Além do fator anatômico do testículo, que pode contribuir para a queda de hormônio, a alimentação rica em gorduras assim como o cigarro também podem provocar baixas de testosterona. Bebida alcoólica em excesso também é um fator que pesa para a DAEM. Ainda, quem tem diabetes e hipertensão tem maior pré-disposição a ter o distúrbio - alerta Schiavini.O professor Eduardo José Andrade acrescenta que quanto mais ascendentes acima de 80 anos o homem estiver, melhor será a sua composição genética e sua resistência à deficiência hormonal. Os sintomas da popularmente conhecida andropausa são preocupantes, podendo incluir desde diminuição do apetite sexual até a osteoporose." Administração de testosterona por via oral, intravenosa trimestral ou transdérmica, reduz os efeitos colaterais (Lian Tock) "- A testosterona tem efeito psicotrópico e, por isso, é responsável pelo dinamismo e pelo humor - diz o urologista João Luís Schiavini. - Quando o homem sofre a queda da taxa hormonal, ele se torna irritável e perde o desejo pelo sexo, pelo trabalho. Além dos efeitos psicológicos, podemos citar também a perda da força muscular e a desmineralização óssea - causadora da osteoporose -, devido a ação anabolizante da testosterona.Novos tratamentosQuem se encaixa nos sintomas apresentados pelo especialista deve procurar um urologista para fazer os exames que medem a taxa de testosterona presente no sangue. No entanto, os especialistas recomendam atenção redobrada aos homens a partir dos 40 anos. Caso seja diagnosticado o problema, o paciente não deve ficar preocupado. Há muitas formas de tratar a DAEM. Segundo o endocrinologista Lian Tock, do grupo de estudos da obesidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os novos tratamentos reduzem os efeitos colaterais e são de fácil administração:
A administração de testosterona por via oral, intravenosa trimestral ou transdérmica, reduz os efeitos colaterais no paciente. Antigamente, os métodos de reposição hormonal traziam maiores riscos de problemas hepáticos e aumento da próstata. Pessoas que tinham pré-disposição a câncer também podiam ter a doença desenvolvida através desses medicamentos - relata Lian Tock.No Brasil, a reposição pode ser feita por gel transdérmico de aplicação diária. O medicamento , fornecido por farmácias de manipulação, custa em torno de R$ 200 e dura até um mês. Há também a administração via oral por comprimido, que deve ser ingerido duas vezes por dia. O preço, porém, é um pouco salgado, algo entre R$ 650 e R$ 800 por trimestre, dependendo do quadro clínico de cada paciente.A última novidade dos tratamentos de reposição hormonal, disponível no país para homens, é a injeção, que necessita de aplicação somente de três em três meses e custa em torno de R$ 600 a dose. Há uma medicação nova, em forma de adesivo transdérmico, que, segundo os especialistas, também tem apresentado resultados eficazes, mas esta ainda não chegou ao Brasil. Vale alertar que, uma vez iniciada a reposição hormonal, o paciente deve fazer visitas periódicas ao médico para examinar o tamanho da próstata e avaliar a taxa de testosterona presente no sangue.

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